Lista Vermelha das Aves de Portugal Continental 2022
Análise de Resultados
Nesta revisão, foram abrangidas 285 espécies. Em 39 espécies foram avaliadas separadamente duas populações (ver metodologia). No total foram avaliadas 287 populações distintas, após ter sido atribuída a categoria de Não Aplicável (NA) a 37 populações. Em oito populações (3%) a informação disponível não foi suficiente para atribuir uma categoria (Informação Insuficiente - DD) e registaram-se ainda 11 populações (4%) como Regionalmente Extinta (RE).
Globalmente (n = 287 populações), 173 populações (60%) não foram consideradas como ameaçadas, das quais 142 populações (49%) foram avaliadas como Pouco Preocupante (LC) e 31 populações (11%) foram avaliadas como Quase Ameaçado (NT). Das 95 populações (33%), avaliadas nas categorias de ameaça, foram classificadas como Vulnerável (VU) 47 populações (16%), como Em Perigo (EN) 34 populações (12%) e 14 populações (5%) como Criticamente em Perigo (CR).
Adaptação regional
No procedimento da “Adaptação Regional” (ver metodologia) ocorreram aferições em 48 classificações, que na sua maioria resultaram na descida da sua categoria de ameaça. Somente no caso do rolieiro (Coracias garrulus) esta adaptação aumentou o seu grau de ameaça, de Em Perigo (EN) para Criticamente em Perigo (CR).
Fenologia
Em termos fenológicos (ver quadro 5), foi atribuída categoria de ameaça a 65 populações reprodutoras (32%) enquanto 124 populações (61%) não foram consideradas como ameaçadas. Somente uma espécie foi avaliada como migradora de passagem, a felosa-aquática (Acrocephalus paludícola), que foi classificada como Em Perigo (EN). Entre as invernantes, 29 populações (36%) foram avaliadas nas categorias de ameaça (CR, EN, VU) enquanto 49 populações (61%) não foram consideradas como ameaçadas. Na categoria de Informação Insuficiente (DD) foram incluídas três populações reprodutoras e cinco populações invernantes.
Quadro 5. Número de populações avaliadas em cada categoria.
Categorias |
Reprodutora |
Invernante |
Migradora de Passagem |
Total |
% |
---|---|---|---|---|---|
RE Regionalmente Extinto |
11 |
- |
- |
11 |
4 |
CR Criticamente em Perigo |
12 |
2 |
- |
14 |
5 |
EN Em Perigo |
21 |
12 |
1 |
34 |
12 |
VU Vulnerável |
32 |
15 |
- |
47 |
16 |
NT Quase Ameaçado |
19 |
12 |
- |
31 |
11 |
LC Pouco Preocupante |
105 |
37 |
- |
142 |
49 |
DD Informação Insuficiente |
3 |
5 |
- |
8 |
3 |
Populações avaliadas |
203 |
83 |
1 |
287 |
100 |
NA Não Aplicável |
34 |
4 |
- |
39 |
Taxonomia
Em termos de representatividade taxonómica (ver quadro 6), as ordens dos Accipitriformes (águias, abutres e similares), Charadriiformes (aves limícolas, gaivotas e similares) e dos Pelecaniformes (garças, ibis, colhereiros e similares), são os grupos taxonómicos com a maior percentagem de populações classificadas em categorias de ameaça (CR, EN, VU), tendo em conta a representatividade elevada do número de populações destas ordens. Todas as populações das ordens Falconiformes (falcões), Otidiformes (abetardas), Procellariiformes (pardelas e paínhos) e Pterocliformes (cortiçóis e gangas) foram classificadas em categorias de ameaça.
Quadro 6. Número de populações de cada Ordem que foram avaliadas em cada categoria.
Ordem |
CR |
EN |
VU |
NT |
LC |
DD |
Total Populações avaliadas |
Populações ameaçadas % |
NA |
RE |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Galliformes |
2 |
2 |
0 |
1 |
2 |
|||||
Anseriformes |
2 |
6 |
2 |
9 |
19 |
42 |
10 |
|||
Podicipediformes |
1 |
2 |
3 |
33 |
1 |
|||||
Phoenicopteriformes |
1 |
1 |
0 |
1 |
||||||
Columbiformes |
1 |
1 |
2 |
2 |
6 |
17 |
||||
Pterocliformes |
1 |
1 |
2 |
100 |
||||||
Caprimulgiformes |
1 |
1 |
4 |
6 |
17 |
1 |
||||
Cuculiformes |
1 |
1 |
2 |
0 |
||||||
Gruiformes |
1 |
1 |
4 |
6 |
17 |
2 |
3 |
|||
Procellariiformes |
1 |
1 |
1 |
3 |
100 |
|||||
Otidiformes |
1 |
1 |
2 |
100 |
||||||
Ciconiiformes |
1 |
1 |
2 |
50 |
||||||
Pelecaniformes |
1 |
2 |
3 |
2 |
5 |
13 |
46 |
2 |
||
Suliformes |
1 |
2 |
3 |
33 |
1 |
|||||
Charadriiformes |
4 |
8 |
14 |
8 |
17 |
4 |
55 |
47 |
1 |
2 |
Strigiformes |
3 |
2 |
2 |
7 |
43 |
|||||
Accipitriformes |
4 |
5 |
3 |
4 |
7 |
23 |
52 |
1 |
1 |
|
Bucerotiformes |
1 |
1 |
0 |
|||||||
Coraciiformes |
1 |
2 |
3 |
33 |
||||||
Piciformes |
4 |
4 |
0 |
|||||||
Falconiformes |
2 |
3 |
5 |
100 |
1 |
|||||
Psittaciformes |
0 |
5 |
||||||||
Passeriformes |
1 |
10 |
10 |
9 |
76 |
2 |
108 |
19 |
11 |
2 |
Total |
14 |
34 |
47 |
31 |
142 |
8 |
276 |
34 |
37 |
11 |
Critérios de avaliação
No que se refere aos critérios que acionaram a classificação atribuída, verifica-se que o critério A (relativo à redução do tamanho das populações) determinou a avaliação de nove populações, o critério B (relativo à dimensão da sua distribuição geográfica), também foi utilizado em nove populações e o critério C (relativo ao tamanho da população reduzido ou em declínio) em 14 populações. O critério D (relativo ao tamanho da população ou distribuição geográfica muito reduzida) foi o que mais vezes ativou a classificação (89 populações). O critério E (referente a análise quantitativa do risco de extinção) não foi utilizado, devido à ausência de estudos de viabilidade das populações avaliadas.
Comparação com a Lista Vermelha anterior
Relativamente à Lista Vermelha anterior (ver quadro 7), o número de populações avaliadas - com ocorrência regular e relevante – diminuiu. O número de populações em que a informação disponível não foi suficiente para permitir a sua classificação também diminuiu, bem como o número de populações consideradas Regionalmente Extintas (RE). O número de populações classificadas que não foram consideradas como ameaçadas foi semelhante nas duas avaliações (169 e 170 populações, respetivamente). No entanto, o número de populações avaliadas nas categorias de ameaça aumentou (de 88 para 95 populações).
Quadro 7. Número de populações avaliadas por categoria em 2005 e em 2022 e respetiva variação (em percentagem).
Categorias |
Livro Vermelho 2005 |
Lista Vermelha 2022 |
variação (%) |
---|---|---|---|
RE Regionalmente Extinto |
16 |
11 |
- 31 |
CR Criticamente em Perigo |
17 |
14 |
- 18 |
EN Em Perigo |
25 |
34 |
+ 36 |
VU Vulnerável |
45 |
47 |
+ 4 |
NT Quase Ameaçado |
29 |
31 |
+ 7 |
LC Pouco Preocupante |
140 |
142 |
+ 1 |
DD Informação Insuficiente |
16 |
8 |
- 50 |
Populações avaliadas |
288 |
287 |
- 1 |
Lacunas de conhecimento
Ainda existem várias lacunas de conhecimento, que impediram a utilização dos critérios de avaliação da UICN (ver quadro 8). Entre as populações consideradas nesta edição na categoria de Informação Insuficiente (DD) (oito), quatro já tinham este estatuto na edição anterior. Note-se que duas populações que foram agora incluídas nesta categoria não tinham sido avaliadas na edição anterior, por não terem sido avaliadas separadamente: a população reprodutora de guincho-comum (Larus ridibundus) e a população invernante de seixa (Columba oenas).
Quadro 8. Populações avaliadas na categoria de Informação Insuficiente (DD).
Nome comum |
Nome científico |
População |
Livro Vermelho 2005 |
---|---|---|---|
pombo-das-rochas |
Columba livia |
Reprodutora |
DD |
seixa |
Columba oenas |
Invernante |
- |
galinhola |
Scolopax rusticola |
Invernante |
DD |
narceja-galega |
Lymnocryptes minimus |
Invernante |
DD |
guincho-comum |
Larus ridibundus |
Reprodutora |
- |
papagaio-do-mar |
Fratercula arctica |
Invernante |
LC |
felosa-pálida |
Iduna opaca |
Reprodutora |
DD |
cruza-bico |
Loxia curvirostra |
Invernante |
DD |