Ploceus melanocephalus

Descrição

Em Portugal, o tecelão-de-cabeça-preta ocorre essencialmente associado a zonas húmidas como sejam caniçais, arrozais, valas com silvados, canaviais e lagoas de campos de golf. Como suporte para o ninho utiliza caniços, salgueiros e outra vegetação estruturalmente semelhante. Os primeiros registos em estado selvagem foram efetuados no final dos anos 1990 na herdade da Barroca d’Alva (Alcochete), caniçal de Vilamoura (Loulé) e paul de Tornada (Caldas da Rainha) (Matias 2002). Atualmente, permanece nesses locais, distribuindo-se também pelo vale do Tejo, desde o paul das Caniceiras (Loures) até à região do Entroncamento, e costa algarvia principalmente entre a lagoa dos Salgados e Cabanas (Tavira).

As maiores abundâncias da espécie verificam-se na envolvência ao paul do Boquilobo (Golegã) e no Algarve, nas zonas húmidas perto de Vilamoura, Quinta do Lago e Ludo.

Verificou-se um aumento significativo da área de distribuição no vale do Tejo e no Algarve desde o anterior atlas. A grande expansão verificada no vale do Tejo poderá ter sido favorecida pela continuidade de zonas húmidas favoráveis à espécie. Por outro lado, a população do paul de Tornada, anteriormente tida como uma das maiores do país (Catry et al. 2010) não parece estar a atravessar a mesma tendência de aumento. Tendo em conta a distribuição dos habitats preferenciais da espécie a nível nacional, o tecelão-de-cabeça-preta poderá estar ainda numa fase de expansão da área de distribuição.

Pedro Pereira

Referências bibliográficas

Catry P, Costa H, Elias G, Matias R (2010) Aves de Portugal. Ornitologia do território continental. Assírio & Alvim, Lisboa.

Matias R (2002) Aves exóticas que nidificam em Portugal Continental. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.