Otus scops

Descrição

A distribuição do mocho-d’orelhas estende-se por todo o Portugal Continental, mas de forma mais contínua no interior norte e centro. No litoral e no sul, ocorre de forma mais dispersa. Em áreas de baixa densidade, o carácter discreto desta espécie pode ter levado à sua não deteção na amostragem deste atlas. É assim possível que a sua distribuição seja mais contínua, sobretudo no interior norte. A presença do mocho-d’orelhas está associada sobretudo a regiões de características mediterrânicas com paisagens agrícolas heterogéneas, que incluam áreas abertas e áreas arborizadas. Depende da presença de árvores com cavidades para nidificação, ocupando mosaicos agrícolas tradicionais, soutos, matas ripícolas, bosques, montados abertos, pomares de sequeiro e jardins.

Este mocho é mais abundante na metade interior norte, nomeadamente em Trás-os-Montes e Alto Douro e na Beira Interior. Parece ser relativamente escasso em zonas florestais densas (pinhais, eucaliptais e montados) e em áreas muito abertas ou com agricultura mais intensiva.

Em relação ao anterior atlas de aves nidificantes, os limites da área de distribuição não parecem ter sofrido grandes alterações. Contudo, é evidente uma redução no número de quadrículas com a presença do mocho-d’orelhas, sobretudo na metade norte do país. Esta diminuição poderá estar relacionada com o esforço de amostragem para as aves noturnas. No entanto, é também possível que haja um efeito do declínio populacional acentuado do mocho-d’orelhas em Portugal (GTAN-SPEA 2021), que também se tem registado em Espanha (Escandell & Escudero 2021).

GTAN (Ricardo Tomé, Rui Lourenço e Inês Roque)

Referências bibliográficas

Escandell V, Escudero E (2021) Noctua – Tendencia de las aves nocturnas. SEO/BirdLife. Programas de seguimiento y grupos de trabajo de SEO/BirdLife 2020, pp. 20-23. SEO/BirdLife. Madrid.

GTAN-SPEA (2021) Relatório do Programa NOCTUA Portugal (2009/10 - 2020/21). Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa (relatório não publicado).