Otis tarda

Descrição

Embora a abetarda seja considerada de forma geral, como tendo a sua origem nas estepes euro-asiáticas, em Portugal, depende de habitats artificiais denominados por pseudo-estepes cerealíferas, que correspondem a grandes extensões de campos abertos planos, com sistemas agrícolas extensivos com rotação de culturas cerealíferas de sequeiro e pecuária, que resultam num mosaico de searas, restolhos, pousios e pastagens. Neste habitat encontra condições favoráveis, não só para alimentação, mas também para a nidificação. Pode ocorrer esporadicamente em áreas de montado disperso e olivais tradicionais, sobretudo no verão e outono. A sua distribuição em território nacional está limitada ao Alentejo, em particular a região do Campo Branco (sobretudo do concelho de Castro Verde, mas também dos concelhos de Mértola, Almodôvar, Aljustrel, Beja e Ourique), onde se concentra cerca de 80% da população nacional.

Esta espécie tem apresentado um decréscimo significativo dos seus efetivos populacionais nos últimos 10 anos, na ordem dos 50%, que é mais acentuado nas sub-populações de menor dimensão (Carrapato & Alcazar, 2021).

Devido às alterações de habitat desfavoráveis, continua a registar-se uma contração na área de distribuição, com os núcleos populacionais de menor dimensão em risco de desaparecimento. O decréscimo acentuado na abundância poderá comprometer a viabilidade populacional desta espécie no médio prazo.

Carlos Carrapato e Rita Alcazar

Referências bibliográficas

Carrapato C, Alcazar R (2021) Relatório Interno do ICNF e LPN.