Circaetus gallicus

Descrição

Em Portugal, a águia-cobreira nidifica apenas no território continental, onde se distribui primordialmente pelas regiões do interior, tendo uma distribuição mais ampla a sul do Tejo e pelo interior centro, não deixando de ser bastante fragmentada. Evita extensas áreas de povoamentos florestais, zonas de pseudo-estepe cerealífera e áreas fortemente urbanizadas. Esta ave de rapina prefere habitats florestais onde possa construir o seu ninho, desde que na proximidade de áreas abertas onde possa caçar. Tanto ocorre em áreas próximas do nível do mar, como em altitudes superiores a 1500 m.

Trata-se de uma espécie claramente mais abundante nas serras algarvias e no Baixo Alentejo, na Beira Interior e em Trás-os-Montes e Alto Douro. É notoriamente mais abundante nas regiões interiores do que mais perto do litoral, onde encontra condições de habitat menos favoráveis para a nidificação.

A área de distribuição da águia-cobreira sofreu uma variação positiva desde os trabalhos do último atlas. Existe certamente uma dinâmica espacial forte intimamente ligada a alterações do uso do solo e de ordenamento do território, sobretudo pela criação de espaços abertos e pela desflorestação. Ainda assim, não deixa de ser evidente o elevado número de quadrículas onde a águia-cobreira deixou de ser registada, por comparação com o anterior atlas, centradas sobretudo nas bacias inferiores do Tejo e Sado, no Pinhal Interior, assim como em sectores da Beira Interior e de Trás-os-Montes e Alto Douro. Por outro lado, assistiu-se a uma expansão notória no eixo montanhoso Montemuro-Marão-Barroso.

Alexandre Leitão