Cercotrichas galactotes

Descrição

O solitário ocorre no território continental, essencialmente ao longo de vales quentes e ensolarados da bacia do Guadiana e de afluentes de caudal temporário, onde a vegetação é dominada pelo estrato arbustivo: loendro e tamujo no leito de cheia e esteva nas encostas, ainda que com árvores dispersas. Esse é o padrão nas zonas de Moura - Barrancos (bacia do rio Ardila), Castro Verde – Mértola (ribeiras de Terges e Cobres) e no interior do sotavento algarvio (ribeiras de Odeleite, Foupana e Vascão). Pode ocorrer também em vinhas e olivais tradicionais, em especial nas zonas da Vidigueira e de Reguengos de Monsaraz. A utilização de habitats como pinhais, pomares e jardins na proximidade de zonas urbanas é mencionada frequentemente na bibliografia, mas é pouco habitual no nosso território.

Apesar de não haver continuidade com os principais núcleos em Espanha, a perda de efetivos populacionais segue a tendência desse país, onde se detetou um declínio de 95% na população desde 2004, essencialmente como consequência da intensificação agrícola (Sanchez & Prieta 2021).

Face ao atlas anterior, a área de distribuição contraiu-se acentuadamente. A espécie deixou de ocorrer na bacia do Tejo, na Beira Baixa. Após o enchimento da barragem de Alqueva desapareceram por completo vários núcleos populacionais como o da ribeira de Alcarrache e o do rio Degebe, onde o solitário era comum, e outros ao longo do rio Guadiana. No Algarve, a área de distribuição também se retraiu de forma óbvia a oeste.

João Tiago Tavares

Referências bibliográficas

Sánchez H, Prieta J (2021) El alzacola rojizo en Cáceres, pp. 101. In: López Iborra GM (ed) El alzacola rojizo en España, población reproductora en 2020 y método de censo. SEO/BirdLife, Madrid.