Aegypius monachus

Descrição

O abutre-preto distribui-se como nidificante de forma muito localizada no leste do território continental. Existem atualmente quatro núcleos reprodutores (ver abaixo). Ocorre em zonas de reduzida ocupação humana e com disponibilidade trófica elevada de cadáveres de gado doméstico em regime extensivo e de espécies cinegéticas, nomeadamente, javali e veado. Para nidificar prefere zonas de cumes suaves e vales por vezes abruptos, revestidas por extensas áreas de matagal mediterrânico e com coberto arbóreo autóctone dominado por sobreiros, azinheiras ou zimbros e pinhais maduros.

A maioria dos casais encontra-se no núcleo do Tejo Internacional (c.a. 30 casais), seguido de Moura/Barrancos (10 casais) e ainda de duas pequenas colónias, uma na serra da Malcata (3 casais) e outra no Douro Internacional (2-3 casais). Os valores atuais revelam um incremento significativo desde 2010, ano em que voltou a nidificar em Portugal Continental (Pacheco, dados não publicados), após um período de cerca de quatro décadas em que a espécie esteve extinta como nidificante (Catry 1999). Este incremento certamente não é alheio às medidas de conservação entretanto adotadas na Península Ibérica que têm apresentado resultados muito positivos, nomeadamente, compatibilização da sua presença com as atividades humanas, garantir disponibilidade trófica de qualidade (alterações legislativas, rede de Campos de Alimentação de Aves Necrófagas), disponibilização de plataformas de nidificação artificiais e reforço de ninhos.

Comparativamente ao atlas anterior, durante o qual apenas se confirmou a nidificação de um casal de abutre-preto na região do Tejo Internacional, a área de distribuição sofreu um aumento considerável ao longo da faixa fronteiriça.

Carlos Pacheco

Referências bibliográficas

Catry P (1999) Aves nidificantes possivelmente extintas em Portugal Continental. Revisão e síntese da informação disponível. Airo 10: 1-13.